Valmor Bolan
Doutor em Sociologia
Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá
Representa o Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos do MEC
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A visita do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, à Rússia, dá continuidade aos esforços diplomáticos da Igreja Católica com a Federação Russa, visando talvez a histórica e inédita visita do papa Francisco a Moscou, visita esta que o papa São João Paulo II desejara fazer, mas as condições políticas e também os entendimentos com a Igreja Russa Ortodoxa ainda não estavam maturados o suficiente.
O papa Francisco teve outro encontro histórico com o Patriarca Kiril, em Cuba, em fevereiro de 2016, ampliando ainda mais o diálogo. Por isso, não é impossível hoje pensarmos na viagem do papa Francisco, à Rússia, fortalecendo os laços religiosos e também defendendo a cultura da paz. É muito significativo que isso ocorra num ano especial para os católicos, dos 100 anos da aparição de Nossa Senhora de Fátima, que coincide também com os 100 anos da Revolução Russa.
O presidente Vladimir Putin vem reforçando um discurso de apoio aos valores familiares, buscando assim estreitar contato com as igrejas cristãs, num momento que antecede também os grandes eventos esportivos na Rússia, dentre eles, a Copa do Mundo de 2018. Analistas avaliam que essa aproximação também pode ter interesses políticos de Putin, mas de qualquer forma, o importante é que o diálogo vem sendo mantido, com propósitos ecumênicos e pacíficos. É importante que nos dias de hoje, as lideranças políticas e religiosas se aproximem e aceitem dialogar, apesar de diferenças, buscando também superar conflitos do passado. Por isso, faz-se necessário a soma de esforços nesse sentido, para evitar inclusive os extremismos que agravam situações de violência no mundo. Isso só pode ser possível com o diálogo.
Num mundo de cultura plural e de valores tão diversificados, é preciso que saibamos compreender o outro, antes de prejulgamentos precipitados ou reducionismos. Por isso, todo esforço de dialogar é importante, tendo em vista os pontos em comuns e positivos que unem mais do que as diferenças. Ouvir o outro e respeitá-lo não significa concordar com tudo o que ele diz e faz, mas há crescimento mútuo quando ambos sabem conversar, escutar e partilhar experiências, a partir do qual vislumbram-se possibilidades novas. Por isso, esperamos que a aproximação da Igreja católica com a Igreja Ortodoxa Russa, e do Vaticano com a Rússia, traga bons resultados.




